domingo, 15 de maio de 2016

As Amargas, não...


Da direita p/esquerda Pagu.Elsie.Tarsila.Anita.Eugenia Moreyra, mulher do Álvaro Moreira..1922


Aos mais jovens desejo que se lembrem desses  tempos nefastos da política brasileira como o escritor Álvaro Moreyra em seu  livro de lembranças As Amargas Não...
Colocou toda poesia possível ao homem colocar tendo vivido momentos ruins mas não piores que esses que temos vivido desde de que esse bando de corruptos "meteu a mão" no pesado tributo de nosso trabalho, tributos esses para nossa saúde, segurança, educação, nossa dignidade, nossa paz...  

Álvaro Moreyra Viveu a ditadura de Vargas, sua mulher foi presa, mas ele que não sequestrou, não roubou,  não matou...


Fez de suas lembranças poesias no seu livro As, Amargas Não..."

   
Das Amargas Não;

Agora é tempo de voltar. Para onde? Naturalmente para o Céu,

onde os anjos, irmãos remotos que não desceram à Terra, estão com a
mesma infância e as mesmas asas. Eu não levo as asas com que vim.
Desmanchei-as pela estrada. Levo as penas que sobraram. No percurso
às avessas, encontro um certo reino, à esquina do Planeta. Dele recebi as
primeiras imaginações. Descanso junto das sombras que me formaram
assim, uma espécie de exilado. Se eu quisesse confessar do que fui
construído, teria que dizer: de alguns poetas de Portugal e de alguns
Jesuítas de todo o mundo. O resto foi ornato. Bastante me pintaram.
Bastante me rebocaram. Fiquei intacto sobre os velhos alicerces, no
mesmo pé direito, com o estilo primitivo, de janelas abertas para a luz
e para o ar. No meu telhado, as andorinhas ainda fazem verão. 


Em algumas de suas lembranças você vai sorrir vai, gargalhar e pode até chorar como aconteceu comigo quando me emprestaram o livro h[a muitos anos...
 Quis comprar mas há muito estava esgotado...



Nesse abaixo você pode baixar o livro; 

https://www.skoob.com.br/as-amargas-nao-118326ed131333.html

Pesquise a biografia desse casal e coparem com as do Lula e Dilma Rousseff... 


Lula e Dilma se cair de quatro não levantam!
Não são democratas nem comunistas, são tremendos 17uns...
Muitos como eu esperam ver os dois na PAPUDA 

terça-feira, 10 de maio de 2016

A presidentA Dilma Rousseff pode ser inocente...




http://www.dicio.com.br/cretinice/


Significado de Cretinice

s.f. Qualidade de quem ou do que é cretino; idiotice, imbecilidade, burrice, tolice profunda.
Ato ou atitude típica de cretino; bobagem, besteira, estupidez: não diga semelhante cretinice.
Dilma Rousseff  não  precisava ter cometido crime...
... uma junta médica resolveria...
Bem, se ela não é uma psicopata; Cadeia pra ela!

domingo, 8 de maio de 2016

Como não lembrar do meu pai no dia das mães?...


Hoje lembrei do poeta Vinicius de Moraes...
Essa Crônica li ha muitos anos... 
Hoje ao reler senti a mesma emoção quando a li pela  primeira vez
Você em alguma frase vai se lembrar de seu pai e vai se emocionar...

O DIA DO MEU PAI - Vinicius de Moraes

Rio de Janeiro

Faz hoje nove anos que Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, homem pobre mas de ilustre estirpe, desincompatibilizou-se com este mundo. Teve ele, entre outras prebendas encontradas no seu modesto, mas lírico caminho, a de ser meu pai. E como, ao seu tempo, não havia ainda essa engenhosa promoção (para usar do anglicismo tão em voga) de imprensa chamada "O Dia do Papai" (com a calorosa bênção, diga-se, dos comerciantes locais), eu quero, em ocasião, trazer nesta crônica o humilde presente que nunca lhe dei quando menino; não só porque, então, a data não existia, como porque o pouco numerário que eu conseguia, quando em calças curtas, era furtado às suas algibeiras; furtos cuidadosamente planejados e executados cedo de manhã, antes que ele se levantasse para o trabalho, e que não iam nunca além de uma moeda daquelas grandes de quatrocentos réis. Eu tirava um prazer extraordinário dessas incursões ao seu quarto quente de sono, e operava em seus bolsos de olho grudado nele, ouvindo-lhe o doce ronco que era para mim o máximo. Quem nunca teve um pai que ronca não sabe o que é ter pai.

 Se Clodoaldo Pereira da Silva Moraes e eu trocamos dez palavras durante a sua vida, foi muito. Bom dia, como vai, até a volta - às vezes nem isso. Há pessoas com quem as palavras são desnecessárias. Nos entendíamos e amávamos mudamente, meu pai e eu. Talvez pelo fato de sua figura emocionar-me tanto, evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas emocionais, pois estou certo de que, se começássemos a falar, cairíamos os dois em pranto, tão grandes eram em nós os motivos para chorar: tudo o que podia ter sido e que não foi; tudo o que gostaríamos de dar um ao outro, e aos que nos eram mais caros, e não podíamos; o orgulho de um pai poeta inédito por seu filho publicado e premiado e o desejo nesse filho de que fosse o contrário... - tantas coisas que faziam os nossos olhos não se demorarem demais quando se encontravam e tornavam as nossas palavras difíceis. Porque a vontade mesmo era a de me abraçar com ele, sentir-lhe a barba na minha, afagar-lhe os raros cabelos e prantearmos juntos a nossa inépcia para construir um mundo palpável.

De meus amigos que conheceram meu pai, talvez Augusto Frederico Schmidt e Otávio de Faria sejam os que melhor podem testemunhar de sua paciência para com a vida e da enorme bondade do seu coração. E de sua generosidade. Fosse ele um homem rico, e nunca filhos teriam tido mais. Sempre me lembra os Natais passados na pequena casa da ilha do Governador, e a maratona que fazíamos, meus irmãos e eu, quando o bondinho que o trazia do Galeão, onde atracavam as barcas, rangia na curva e se aproximava, bamboleante e cheio de luzes, do ponto de parada junto à grande amendoeira da praia de Cocotá. Eram pencas de presentes, por vezes presentes de pai abastado, como o jogo de peças de armar, certamente de procedência americana, com que me regalou e com que construí, anos a fio, pontes, moinhos, edifícios, guindastes, e tudo o mais. E os fabulosos Almanaques do Tico-Tico, lidos e relidos, e de onde, uma vez exaurida a matéria, recortávamos as figuras queridas de Gibi, Chiquinho, Lili e Zé Macaco.



Como poeta, meu pai foi um pós-parnasiano com um pé no simbolismo. É conto familiar que Bilac, seu amigo, animou-o a publicar seus versos, que as mãos filiais de minha irmã Letícia deveriam, depois, amorosamente, copiar e reunir num grande caderno de capa preta. Há um soneto seu que me celebra ainda no ventre materno. Eu também escrevi em sua memória uma elegia em lágrimas, no escuro de minha sala em Los Angeles, quando, no dia 30 de julho de 1950, a voz materna, em sinistras espirais metálicas, anunciou-me pelo telefone intercontinental, às três da madrugada, a sua morte. 

Meu pai e seus irmãos, ele o primeiro da direita pra esquerda 

(1902 + 1979)